O som estridente do radinho de pilha podia ser ouvido de longe. A inconfundível voz de Jorge Curi conclamava as multidões a acompanhá-lo na Rádio Globo aquela tarde, mandando levarem o rádio ao estádio. Bida, assim, logo identificou onde procurar por seu avô. Do outro lado do muro baixo das ruas tranquilas, na calçada, provavelmente sentado na velha cadeira de armar com assento de lona azul, encosto de madeira e pernas enferrujadas. Seu pai pedira que o chamasse porque não queria que se atrasassem para a ida ao Maracanã. Havia pedido à mãe que servisse mais cedo o almoço. Naquele dia não bastaria chegar cedo, comprar os ingressos e subir a rampa que ficava próxima aos trilhos da rede ferroviária federal. Abriu o portão e ali estava o avô, sozinho, cigarro apagado entre os dedos indicador e médio da mão distraída que envolvia, com os dedos restantes e a palma da mão, um copo de chá vazio. Olhou com carinho pa...