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Mostrando postagens de maio 5, 2013

Viajando: VANCOUVER, DIVERSÕES AO AR LIVRE

Passeio de Bike no Stanley Park Antes de mais nada, preciso lhe dizer que estive em Vancouver entre 2 e 12 de setembro de 2011. Por  alguma maravilhosa razão, todos os dias foram de sol brilhante, céu completamente azul, com a temperatura oscilando de 13 a 30ºC. E isso, obviamente, afeta diretamente as opções de lazer. Com chuva ou muito frio, ficar na rua é o que menos se quer. Feita essa ressalva, olha, se tem algo que não aparece em Vancouver é o tédio. As opções para diversão são inúmeras e, para mim, a melhor delas é andar de bicicleta ou a pé pelos parques e pela orla. Mas você tem também cinemas, teatros, cafés, pubs, bons restaurantes (para todos os gostos e bolsos), galerias de arte, museus e casas noturnas. O melhor, contudo, ao menos para mim, foram as atividades ao ar livre, às quais nos dedicamos com devoção quase que religiosa.   Em Vancouver, ao menos em Downtown, a gente encontra parques e ciclovias por todo canto. O melhor deles, em minha opin...

Contando Histórias: Até que Alguém Reconheça

Olhei novamente pela janela. Ela continuava lá, com seu ritual sem sentido. Passava pouco das onze e me levantei da cadeira pela terceira vez, deixando de lado minha estação de trabalho para dedicar atenção ao seu comportamento alucinado. Era impossível me concentrar porque, de alguma forma, as suas palavras não me saíam da cabeça e eu não conseguia atinar o porquê. Era uma mulher baixa, na época talvez nos seus quarenta e cinco, quarenta e seis anos, cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo, muito magra e vestida com uma curiosa mistura de elegância e desleixo. Pela forma como se dirigira a mim quando o acaso fez com que me escolhesse naquela manhã, tem boa instrução e, não sei bem explicar como, me deixou com a certeza de que tem alguma cultura. Talvez até uma boa cultura. Apesar do frio que fazia em Vitória quando a vi pela primeira vez, se cobria apenas com um vestido sem mangas e, mesmo a cumprir sem parar o mesmo ritual toda a manhã, não parecia nem um pouco incomod...

Contando Histórias: SÃO PAULO, SÃO PAULO (o microconto de um poeta medíocre)

Há alguns anos, voltando para Vitória, me impressionei com a visão de São Paulo à noite e acabei escrevendo o que desejava que fosse uma poesia. Não ficou bom e guardei. A cena se repetiu agora, nesses primeiros dias de 2012, e resolvi que me era mais fácil fazer da ideia - e desse meu deslumbre - um microconto que, agora, divido com vocês. Espero que gostem. São Paulo, São Paulo  (o microconto de um poeta medíocre) PARTE I É dessa pequena janela que te olho com atenção. Cada vez mais alto e cada vez mais distante, melhor ainda te observo, porque perco os detalhes e não me distraio. E somente assim é que te vejo inteira. As tuas luzes, milhões delas, são excitantes aquarelas... vermelhas as dos carros nas ruas escuras, amarelas as dos apartamentos acesos. São azuis as dos neons que te vendem a consumidores ávidos e verdes as dos sinais (que teus filhos chamam faróis) a transformar as lanternas dos carros, uma vez abertos, no sangue que vejo fluir ...

Contando História: AEROPORTO

No saguão do aeroporto, a alma já em frangalhos, olhou sem reação para o bilhete que saíra pela metade no terminal de auto-atendimento. A atendente da Cia Aérea logo se ofereceu para ajudar. " Isso acontece muito "  Ao ver o bilhete, sorriu e disse " Ah! Santos Dumont! Muito melhor! " Ele, distraído e triste, apenas olhou para a moça. Ela não desistiu. Imprimiu outro e voltou à carga " Pertinho de tudo, não é? ".  Ele hesitou enquanto pensava " Se digo que estou indo a um funeral, ela vai ficar sem graça. Se continuo calado, passo por antipático ". Arriscou um sorriso. Os lábios mal se moveram, naquele dia não dava... A moça olhou para ele, baixou os olhos e, sorriso agora mecânico, cumpriu seu trabalho: " Tenha uma boa viagem, senhor ".